Design em aplicações Access – Parte 02


Por Gilberto Mendes

"Bom, no artigo anterior eu deixei claro o quanto acho que as aplicações Access feitas sem cuidado são ruins para quem desenvolve, para quem usa e até para o próprio Access, que ganhou a fama de ferramenta para desenvolvimento nas coxas.

Agora quero compartilhar algumas dicas de como construir uma aplicação visualmente mais agradável com o uso de alguns truques simples.


Design Básico de um form

Acho que o primeiro passo é realizar um checklist em algumas propriedades de um formulário. Vamos começar com um exemplo clássico, uma agenda simples de 5 campos.

Criamos a tabela e chamamos o assistente. Ele nos dá algo assim.

Coisas que desagradam:

    * Fundo cinza
    * Fonte padrão
    * Seletor de registros
    * Botões de navegação

Então, as primeiras mudanças:

    * Vá para o modo estrutura. Clique na área cinza do formulário e defina uma cor branca
    * Marque todos os objetos e mude o fonte para algo melhor. Tahoma, Trebuchet MS e Verdana são opções interessantes, que vêm junto com o pacote Office. Vou usar Trebuchet MS tamanho 10 para as caixas de texto e tamanho 8 para os rótulos
    * Selecione as caixas de texto e defina a borda como um cinza intermediário.
    * Com as caixas de texto selecionadas, dê um duplo clique em uma das extremidades para ajustar o tamanho.

Mais alguns ajustes: Acesse as propriedades do formulário e defina as seguintes propriedades:

    * Seletores de registro: não
    * Barras de rolagem: nenhuma
    * Botões de navegação: não
    * Linhas divisórias: não
    * Auto Redimensionar: sim
    * Auto centralizar: sim (este é escola pessoa, conforme a função da janela)

Ainda não é algo que impressione, mas a gente pode dar alguns passos. Ajuste os rótulos para que fiquem sobre as caixas de texto e coloque sua cor como um cinza escuro (reduzir o contraste colocando um cinza leve no fundo ou um cinza médio no fonte deixa mais agradável aos olhos).

Como receita, cor é gosto de cada um. Recomendo dar uma olhada nos artigos sobre design web. Mesmo sendo para outra plataforma eles têm conceitos que são universais, uma espiada em uma matéria sobre cor ou tipografia pode enriquecer muito suas aplicações.

Botões de comando ao invés da barrinha de navegação

Para navegar pelo formulário, você pode acrescentar os botões de navegação, criados a partir dos assistentes. Com eles você tem mais controle sobre o espaçamento e tamanho, facilitando a vida do seu cliente.

Outra vantagem é que em uma mesma linha você pode acrescentar botões para a impressão de listagens, etiquetas e tantos recursos quanto quiser.

Pincel e Controles Padrão

Antes de prosseguir, quero dar uma dica: vamos supor que você deseja acrescentar novos campos a esta agenda. Depois de alterar a tabela, você segue para o formulário e arrasta os campos a partir da lista e descobre que eles estão naquele formato padrão.

A primeira possibilidade é usar a ferramenta pincel. Clique em uma caixa de textos formatada e depois clique sobre uma das caixas de texto que você criou. Vai ver que a caixa ganhou o fonte e a borda do primeiro controle e mais, os rótulos também foram formatados.

Uma segunda possibilidade, ainda mais interessante é, antes de arrastar os campos, clicar em uma das caixas de texto e selecionar no menu Formatar a opção Definir controles padrão. Repita o mesmo processo com os rótulos. Se você arrastar os campos agora, verá que todas as caixas de texto estão no mesmo formato.

Então, para padronizar de forma rápida os controles no seu formulário, arraste cada um deles para o form, realize as alterações de fonte, cor, borda, e tamanho e acione o “Definir Controles Padrão”.

O formulário “Normal”

Aqui vai mais uma dica: se você definiu criteriosamente um padrão de formatação e cores para o seu formulário, certamente vai querer utilizar este padrão em outros formulários.

Para definir este padrão, basta salvar uma cópia do seu formulário com o nome “normal”. Todos os formulários que você criar a partir de agora serão baseados nele, respeitando os formatos de borda, centralização, cores e também os padrões de controles.

Outra dica é que tanto os padrões de controle quanto o “normal” valem para os relatórios. Assim, se você criar um padrão visual para os relatórios, basta salvar uma cópia com o nome normal para ter um modelo inicial de relatório diferente.

Nota: acessando no menu Ferramentas o item Opções, você pode definir na aba Formulário/Relatório o nome do modelo que deve ser usado pelo Access.

Margens e Linhas de Força

Como não sou designer profissional, às vezes dou nomes para alguns conceitos que eu percebo intuitivamente. Mas acho que os grandes designers vão concordar comigo quando digo que o melhor design é aquele que surge naturalmente, a partir da intuição.

Um dos primeiros detalhes que eu observo nos formulários e relatórios são as margens e o espaçamento. Margens desiguais criam uma sensação de que o formulário “pesa” mais de um lado. Margens iguais dão por outro lado uma sensação de equilíbrio. Margens muito grandes dão uma sensação de coisas soltas e margens muito apertadas uma sensação de aperto.

Um segundo detalhe que quero comentar é o espaçamento e alinhamento dos objetos. Conforme os objetos são posicionados na tela, criam “linhas de força”

Margens desproporcionais e campos desalinhados

Margens iguais e campos alinhados: atenção aos detalhes, produzindo conforto para quem usa a aplicação

Mais alguns detalhes

Outras dicas que podem ajudar a criar uma boa experiência com os usuários:

    * Revise a ordem de tabulação dos campos. Nada pior que um formulário onde a gente salta sem lógica de um campo a outro.
    * Selecione os botões de comando e mude a propriedade “parada de tabulação” para não. Assim o foco circula apenas nos campos de edição, sem cair nos botões, fazendo com que o usuário apressado mude de registro sem querer.
    * Mude a propriedade “ciclo” do formulário para registro atual. Aqui é o mesmo. O cliente termina o cadastramento e o Access pula para o primeiro campo, ao invés de mudar de registro.
    * Defina a propriedade “legenda” do formulário. É mais agradável uma janela com o nome “Cadastro de Clientes” do que “frmCadCli”.

Às vezes nos deparamos com desafios na hora de construir uma aplicação. Formulários com muitos campos ou que precisam exibir muitas informações. Guias ou barras de rolagem? Colocar todas as informações de uma vez na tela ou paginar? Pedir dados de uma vez ocultando e exibindo campos ou usar assistentes?

Não dá pra responder nenhuma pergunta sobre design em termos absolutos, mas um caminho interessante é criar protótipos e mostrar ao cliente, para que ele possa opinar sobre o que mais lhe agrada. São poucos os programadores que tem tempo e disposição para se esforçar no layout, e ainda menos os que se dispõem a prototipar telas, mas garanto que estes exercícios vão trazer pouco a pouco uma experiência e conhecimento sobre a elaboração de aplicações que pode ser um dos seus grandes diferenciais como profissional de desenvolvimento.

Um abraço, até o próximo artigo em que vou abordar elementos visuais “fora da caixa”.

Links relacionados:
http://www.sistemasemaccess.com.br
http://www.informeaccess.com.br/ler.php?id=72&id_cat=26&id_coluna=&cat=Artigos&titulo=Design%20em%20aplica%E7%F5es%20Access%20%96%20Parte%2002

Eletrônico ou digital?



Diferença entre documento eletrônico e documento digital

Segundo a Câmara Técnica de Documentos Eletrônicos (CTDE) do Conselho Nacional de Arquivos (CONARQ):

“Na literatura arquivística internacional, ainda é corrente o uso do termo “documento eletrônico” como sinônimo de “documento digital”. Entretanto, do ponto de vista tecnológico, existe uma diferença entre os termos “eletrônico” e “digital. Um documento eletrônico é acessível e interpretável por meio de um equipamento eletrônico (aparelho de videocassete, filmadora, computador), podendo ser registrado e codificado em forma analógica ou em dígitos binários. Já um documento digital é um documento eletrônico caracterizado pela codificação em dígitos binários e acessado por meio de sistema computacional. Assim, todo documento digital é eletrônico, mas nem todo documento eletrônico é digital. Exemplos: 1) documento eletrônico: filme em VHS, música em fita cassete. 2) documento digital: texto em PDF, planilha de cálculo em Microsoft  Excel, áudio em MP3, filme em AVI.”

O Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística (DBTA) define documento eletrônico:

“Gênero documental integrado por documentos em meio eletrônico ou somente acessíveis por equipamentos eletrônicos, como cartões perfurados, disquetes e documentos digitais.” (DBTA, p. 75)

e documento digital:

“Documento codificado em dígitos binários, acessível por meio de sistema computacional.” (DBTA, p. 75)

Embora estes conceitos do Conselho Nacional de Arquivos diferenciarem documento digital do eletrônico, há autores que preferem usar somente o termo “documento eletrônico” para abranger tanto os eletrônicos quanto os digitais, ao considerar as definições do CONARQ. Todavia não fogem do pensamento dos demais, uma vez que o CONARQ afirma que documentos eletrônicos abrangem documentos digitais: “todo documento digital é eletrônico, mas nem todo documento eletrônico é digital”.

Apesar de ter seu foco atualmente direcionado para os documentos digitais, este blog mantém seu nome, uma vez que o termo 'eletrônico' também abrange o 'digital', e visto que essa discussão pode ser expandida ao longo dos seus trabalhos.

Acho importante destacar aqui neste espaço duas questões que tem a ver com este blog, as quais encontrei no site da Câmara Técnica de documentos Eletrônicos:

O que é considerado um documento arquivístico num ambiente digital? 

Resposta: Um documento em formato digital é considerado arquivístico quando produzido (elaborado ou recebido) no curso de uma atividade, ou seja, de um processo de trabalho, como instrumento ou resultado de tal atividade, e retido para ação ou referência. Exemplos: textos, e-mail, fotografias, filmes, plantas de arquitetura, bases de dados, áudio ou mesmo websites, desde que atendam aos critérios definidos anteriormente.”

“Um website pode ser considerado um documento arquivístico?

Resposta: Sim, desde que tenha sido elaborado no curso de uma atividade, ou seja, de um processo de trabalho, como instrumento ou resultado de tal atividade, e retido para ação ou referência. O website deve ser contemplado pelo programa de gestão arquivística da instituição.”

Referências:
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ARQUIVO NACIONAL (Brasil). Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2005.
CÂMARA TÉCNICA DE DOCUMENTOS ELETRÔNICOS (CONARQ / Brasil) <http://www.documentoseletronicos.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=10>